Idade: 45 anos
Formação: Pós-Graduação em Engenharia do Ambiente
Instituição de Ensino: Escola Superior de Biotecnologia e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Função atual: Gestão Ambiental e Sustentabilidade
Nos últimos 10 anos tem desempenhado um papel ativo na área do Ambiente e, mais recentemente, da Sustentabilidade na Controlar. Pode partilhar um pouco da sua trajetória e destacar as suas principais contribuições?
O meu percurso na Controlar começou em 2015, com o objetivo de apoiar o processo de certificação ISO 14001, uma norma de gestão ambiental que garante o cumprimento de determinados requisitos exigidos por clientes e stakeholders. Apesar de ser uma norma de caráter voluntário, especialmente no setor automóvel, há uma enorme pressão para que fabricantes e toda a cadeia de fornecimento melhorem o desempenho ambiental e apresentem certificações que atestem este compromisso.
Mais recentemente, em 2020, numa perspetiva de nos alinharmos com o esforço global de combate às alterações climáticas, iniciámos um roteiro de descarbonização e definimos a meta de atingir a neutralidade carbónica em 2040. Por outro lado, o crescimento exponencial da Controlar e a passagem a grande empresa exige-nos novas obrigações legais, nomeadamente a divulgação pública da nossa estratégia de sustentabilidade corporativa, coerente com os pilares ESG (Environmental, Social & Governance). Tem sido uma trajetória bem preenchida, cheia de novidades, diria que em formato de montanha, mas que nos distingue como empresa sustentável, inovadora e alinhada com as expectativas do mercado.
Quais são os principais compromissos da política ESG (Environmental, Social & Governance) que adotaram recentemente?
Essencialmente, a Política ESG definida pela Controlar assume o compromisso de promover um equilíbrio entre o crescimento económico, a integridade social e a preservação ambiental. Através desta política, a empresa pretende conduzir uma estratégia de governação corporativa alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Nos pilares Environmental e Social com um impacto positivo nas comunidades e no meio ambiente, pelo crescimento inclusivo e preservação de recursos naturais. No pilar de Governance, pela gestão responsável, ética, transparente e de combate à corrupção.
A Controlar pretende ainda influenciar e envolver toda a cadeia de valor, para que adote também estas boas práticas. A expressão “Profit, People, and Planet” resume este modelo de negócio sustentável e com o qual a Controlar está comprometida.
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Benedita Machado, Gestão Ambiental e Sustentabilidade na Controlar, e Cristina Mota, Diretora Global de Qualidade da Controlar
Como vê a implementação da política ESG impactar a cultura e as operações das várias empresas a nível global?
Considero que a Controlar já tem enraizada e bastante amadurecida esta cultura de crescimento ético e consciente. Apesar da recente “oficialização” da política de sustentabilidade, a empresa apostou desde cedo neste modelo de gestão como chave do sucesso.
Atualmente, os impactos positivos como a rentabilidade do negócio, a prática de valorização dos colaboradores, a adoção de boas práticas ambientais e eficiência nas operações, são facilmente evidenciadas. A título de exemplo, em Portugal, a Controlar já utiliza energia elétrica 100% renovável, fruto do investimento num parque solar fotovoltaico que cobre todos os edifícios da empresa, instalação de baterias de armazenamento e contratos de energia com certificados de garantia de origem.
Isto representa zero emissões de CO2eq nesta categoria, que integra no cálculo da Pegada de Carbono da Controlar, e traduz-se em poupanças de recursos naturais e financeiros.
Poderia explicar o que é o CDP e o papel que ele desempenha na estratégia ambiental da Organização?
O Carbon Disclosure Project (CDP) é uma ferramenta utilizada para a divulgação pública do desempenho ambiental de uma organização e permite uma comunicação transparente entre as diversas partes interessadas (clientes, fornecedores, investidores e a sociedade em geral).
Com base na divulgação é atribuída uma pontuação de A a F, sendo A a melhor classificação e F a pior. Nesta avaliação são cotados itens como as iniciativas de redução de emissões e produtos de baixo carbono, gestão e eficiência energética, compras sustentáveis, análises de risco sobre o impacto das alterações climáticas, pegada de carbono, metas e planos de descarbonização, entre outros.
Participar no CDP permite à Controlar divulgar publicamente o seu posicionamento no caminho da sustentabilidade e a estratégia para atingir o objetivo da neutralidade carbónica em 2040. Além disso, atualmente alguns dos nossos principais clientes requerem a divulgação no CDP e monitorizam o resultado com políticas de penalização severas, caso não seja atingido um determinado score.
Relacionado com o CDP, em 2023, foi assinado um compromisso com a Science Based Targets initiative (SBTi), que implica que as metas definidas pela Controlar, estejam rigorosamente em conformidade com o esforço global de limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C, relativamente aos níveis pré-industriais.
Em resumo, o CDP e todas as iniciativas relacionadas permitem-nos não só divulgar a nosso compromisso e estratégia, mas também sermos mais competitivos no mercado atual e estarmos alinhados com os nossos clientes, onde a sustentabilidade é cada vez mais valorizada.
O que motivou a procura do Selo da Pegada de Carbono e como foi conduzido o processo?
A verificação externa do cálculo da Pegada de Carbono por uma entidade acreditada permite-nos validar o resultado e a metodologia utilizada. Utilizamos o Greenhouse Gas Protocol, uma norma internacionalmente reconhecida que permite a comparabilidade do desempenho entre empresas.
O processo é conduzido pelo levantamento de dados em cada localização da Controlar. Esses dados referem-se a emissões diretas provenientes de fontes que a empresa controla, como equipamentos e veículos, e emissões indiretas associadas à produção de eletricidade adquirida e consumida, bem como emissões que ocorrem em toda a cadeia de valor da empresa.
O selo da Pegada de Carbono permite-nos divulgar o resultado de forma fiável e transparente, fortalecendo a credibilidade e confiança de partes interessadas na Controlar.
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I2F – Innovating Industry 2023
Quais foram os principais resultados destacados no último relatório do CDP?
Obtivemos pelo segundo ano consecutivo a classificação B, que supera a média do nosso setor de atividade e a média global de todas as empresas registadas. Nos vários itens avaliados, que contribuíram para o resultado B, destacam-se como pontos mais positivos: o nosso processo de gestão e análise de risco e oportunidade, targets definidos e resultados de pegada para emissões diretas de âmbito 1 e 2 (associadas ao consumo de energia).
É um ótimo resultado que reflete o nosso desempenho e o compromisso com a redução de pegada e sustentabilidade. Há ainda um longo caminho a percorrer para atingirmos a neutralidade carbónica, mas este resultado reforça que estamos na direção certa.
Quais as maiores dificuldades encontradas no caminho em direção à neutralidade carbónica? Pode destacar algumas ações?
Existem alguns desafios, nomeadamente, os custos de transição para tecnologias e processos baixo carbono que podem exigir investimentos significativos. A complexidade legal e a volatilidade de alterações para leis e regulamentos cada vez mais exigentes. E, por fim, o facto de estarmos localizados em regiões geográficas com contextos políticos e operacionais muito distintos e que exigem planos específicos para cada uma das localizações.
Para mitigar estas dificuldades destaco uma ação que agrega todas as outras e que se refere ao desenvolvimento do nosso Roteiro de Descarbonização, com um plano de ações a curto e médio prazo, onde são definidas metas intermédias de redução de carbono e as etapas necessárias para alcançá-las.
De que forma avaliam e comunicam as práticas de sustentabilidade aos stakeholders?
A avaliação e comunicação é essencialmente realizada por Indicadores de Desempenho, que incluem KPI nas três vertentes Ambiental, Social e de Governação. São também divulgados os projetos e iniciativas de sustentabilidade, com metas e o progresso realizado. O CDP é também um canal de comunicação muito importante na divulgação da vertente ambiental.
Num futuro próximo, o site da Controlar terá uma página exclusivamente dedicada à sustentabilidade, onde será apresentado de forma clara a política da empresa, monitorização dos indicadores, projetos, iniciativas, certificações, reconhecimentos e toda a informação relacionada com este tema.
Além disso, está em desenvolvimento o nosso relatório de sustentabilidade, seguindo as diretrizes da nova Diretiva Comunitária (Corporate Sustainability Reporting Directive) que estará disponível nessa página para todos os stakeholders.
Que mensagem gostaria de transmitir aos clientes e à comunidade sobre o compromisso da empresa com a sustentabilidade e as questões ESG?
Penso que a melhor mensagem será a que nos foi transmitida no discurso dos nossos administradores, na comemoração do trigésimo aniversário da Controlar:
“Se há algo que aprendemos nestes últimos 30 anos é que uma empresa não é feita de máquinas, produtos, softwares, números, é feita de pessoas. Temos a sorte de contar com uma equipa extraordinária, profissionais muito talentosos, apaixonados pelo que fazem. Somos capazes de enfrentar qualquer obstáculo desde que estejamos juntos. Olhamos para o futuro com entusiasmo e ambição, queremos continuar a crescer, inovar e elevar a empresa a novos patamares, mantendo sempre os nossos valores de sustentabilidade, qualidade, proximidade do cliente e a paixão pela engenharia. O futuro começa agora.“
A nível mais pessoal, é mãe de dois filhos que conquistaram vários Campeonatos Nacionais e o Mundial de Jiu-Jitsu, o que é um motivo de grande orgulho, tanto pessoal como nacional. Na sua opinião, o que é necessário para formar dois campeões?
Sim, sinto-me muito orgulhosa do caminho que têm feito e, sobretudo, por representarem com êxito o nosso país no mundo. Antes de responder à pergunta, destaco em primeiro lugar, o quanto e enquanto atletas de alta competição, são eles que me formam a mim, com valores muito inspiradores, tanto a nível pessoal, como profissional: rigor, disciplina, dedicação, foco, gestão do tempo, resiliência, estratégia, capacidade de manter a calma sob pressão, mentalidade positiva, superação… Poderia continuar, mas, sobretudo, admiro a vontade de quererem fazer sempre mais e melhor.
Respondendo à questão, o que é necessário para formar campeões: obviamente dar-lhes os recursos e meios necessários e, na minha opinião, o mais importante, transmitir-lhes a confiança de que acreditamos plenamente no seu potencial e que, com persistência e entrega, não há limites para atingirem sonhos e metas.
É também inspirador observar como os dois, com estratégias de jogo totalmente diferentes na mesma modalidade, já subiram ao pódio em campeonatos mundiais. Isto prova que para alcançar um mesmo objetivo com sucesso, não há uma fórmula única.
Por fim, o que torna a Controlar Portugal a Great Place to Work®, na sua opinião?
Além de vários benefícios aos colaboradores, destaco a proximidade da administração com as equipas e a gestão humanizada que se manifesta de várias formas, nomeadamente por atividades de team building, iniciativas em datas específicas (Dia Mundial da Árvore, Dia do IDI, Dia da Mulher, etc.) e comemorações de marcos históricos para a empresa.
De facto, numa sociedade cada vez mais desumanizada, em que as relações sociais são frequentemente substituídas por vínculos virtuais, esta preocupação em promover interação social entre todos, impacta de forma muito positiva o clima organizacional, fortalece o espírito de camaradagem entre todos e seguramente traduz-se em resultados diretos na melhoria da produtividade.