Nome: Marco Matias
Idade: 36 anos
Formação: Curso Tecnológico de Eletrónica, Automação e Comando
Instituição de Ensino: ATEC
Função atual: Coordenador de Montagens e Sistemas Elétricos e Técnico Especialista de Automação
De forma resumida, quais são as principais funções que desempenha no departamento de montagens elétricas (MSE)?
A principal função que desempenho no departamento de MSE é apoiar, acompanhar e dar suporte técnico à equipa. Essencialmente, formar os nossos técnicos nos aspetos mais especializados (principalmente os que entram de novo), garantir que o know-how e metodologias de eletrificação de máquinas e afins da Controlar é transmitido e partilhado por toda a equipa. Acompanho também as eletrificações, de modo a mitigar possíveis problemas ainda na produção, e faço a ponte entre as Montagens de Sistemas Elétricos e as equipas de Engenharia (Test Systems, Automação e Mecânica).
Além disso, sempre que surge algo diferente na produção a nível elétrico/eletromecânico tenho como responsabilidade perceber o problema e resolvê-lo. O objetivo é garantir que a Controlar entrega a máquina ou equipamento ao cliente a funcionar na sua plenitude. Sou um género de problem solver.
De resto, auxilio o gestor de produção de MSE na coordenação do departamento e dos trabalhos que entram. Giro prioridades, dou inputs na conceção mecânica das nossas máquinas, assegurando que as necessidades das montagens ao nível de eletrificação e funcionamento são garantidas, e auxilio os coordenadores de projeto aquando da entrada destas em produção, entre outras funções na empresa a nível das infraestruturas.
Assumiu o cargo de coordenador em 2021. Como encarou essa mudança e o que mudou efetivamente?
A oportunidade de assumir o cargo de coordenador proporcionou-se com a reorganização da produção (junção de Montagens de Test Systems com Montagens de Automation Systems).
Muito sinceramente até essa altura não tinha pensado em assumir esta posição e nunca me tinha imaginado na mesma. Quem me conhece, sabe o quanto gosto de montar máquinas, do desafio de colocar a funcionar algo que por algum motivo não funciona. Nessa altura já quase só me envolvia em projetos de maior envergadura ao nível de montagens, o que me preenchia profissionalmente. Por isso, inicialmente tive de me “habituar” à ideia de passar a ter o papel de ensinar e passar conhecimento como responsabilidade efetiva. Acho que foi o maior desafio e a maior mudança.
Contudo, encarei-a com a melhor perspetiva possível, de braços abertos e com vontade de continuar a crescer a nível técnico e ajudar os meus colegas de equipa. Como continuo envolvido no processo de conceção das máquinas e equipamentos, não deixo de aplicar o meu conhecimento. Além disso, o facto de o meu superior hierárquico me ter dado a confiança e liberdade necessárias para exercer o meu trabalho desde o primeiro dia, também ajudou bastante e permitiu retirar sempre o melhor proveito de mim e do que posso dar.
O seu departamento é um exemplo de aplicação da metodologia Lean, com excelentes resultados e produtividade alta. Qual o segredo da eficiência?
Na realidade, não existe segredo. O que tentamos fazer é implementar ideais Lean na gestão de espaços, materiais e tempo de trabalho para garantir o melhor fluxo de produção possível. Tentamos otimizar a produção e as datas de entrega dos projetos e, para que tal se concretize, tudo é tido em conta.
O nosso foco é reduzir o desperdício (tal como o tempo de entrega, que no nosso caso é de extrema importância) e fatores de ineficiência relacionados com a produção em si e o fluxo da mesma (sendo estes pilares da cultura Lean). Apesar de existirem algumas condicionantes que não dependem de nós, ainda assim estamos satisfeitos com o alto nível de produtividade da equipa, tendo noção que há espaço para melhorar (porque há sempre).
No fundo, tentamos identificar os pontos fracos na produção e implementamos medidas para não ter materiais na área de produção que não sejam estritamente necessários para os projetos em curso. Ou seja, procuramos um espaço mais limpo e organizado para permitir maior mobilidade entre máquinas/espaços. Organizamos também os espaços e ferramentas de forma cirúrgica tendo em conta o tipo de trabalho a realizar. O nosso objetivo é aumentar a produtividade, não ter excedentes de produção (a nível de material), ter uma melhor gestão do tempo e espaço e, por consequência, do stock de materiais na área de produção.
É uma busca constante para identificar situações que permitam eliminar atrasos, erros e custos no processo, sempre com o propósito de otimizar todo o fluxo de produção.
Como descreveria o ambiente no departamento?
Diria que é saudável: um ambiente bem-disposto, mas de compromisso. Toda a equipa se dá bem, existe espírito de entreajuda e de responsabilidade para garantir que a Controlar não falha e que fazemos o melhor trabalho, principalmente entre os elementos mais antigos, sendo que é isso que esperam de nós.
Tentamos remar para o mesmo lado e, mesmo que surja alguma adversidade, procuramos sempre o sucesso coletivo. Somos todos colegas, e grande parte também amigos, o que faz com que exista um ambiente relaxado e bem-disposto na equipa.
Para alguém interessado em trabalhar nesta área, que competências considera serem essenciais?
Ao nível de competências técnicas, conhecimentos sólidos de eletricidade/eletrónica e interpretação de esquemas, bem como aptidões técnicas mecânicas básicas. Ao nível de competências pessoais e sociais, gosto e interesse pela área, vontade e soft skills.
Tendo um pouco de ambos, reunimos as condições essenciais para sermos excelentes técnicos e singrar nesta área. Na minha opinião, existindo gosto pelo que se faz e vontade, sendo proativos, tudo se aprende, desde que exista conhecimento base na área, é claro.
Regra geral gosto de realçar a vontade. O ser humano cresce sempre que sai da sua zona de conforto e para tal há que existir vontade, ter interesse em realmente percebermos ao máximo daquilo que fazemos e, como se costuma dizer, não ficar satisfeito apenas com a superfície e ir ao cerne da questão. A aprendizagem e o interesse têm de ser contínuos durante a vida.
Ter aptidões técnicas ajuda, assim como as soft skills essenciais, dado o ramo em que estamos inseridos, desde a clara e boa comunicação, responsabilidade, mindset de crescimento pessoal, gestão de tempo, adaptabilidade a situações adversas, espírito critico saudável, entre outros.
Qual a melhor memória destes quase oito anos na Controlar e o que mais o entusiasma a continuar?
Muito sinceramente, acho que não consigo realçar apenas uma memória, porque são muitas.
Posso, sim, dizer que grande parte delas são de trabalho no cliente, nomeadamente em projetos de maior dimensão e complexidade, pelas histórias e peripécias, pelos colegas (e amigos) envolvidos e por terem sido situações que me fizeram crescer como técnico e pessoa. Tenho muitas e ótimas memórias e estou certo de que mais virão.