Está na Controlar desde 2004. Conte-nos um pouco acerca do seu percurso profissional antes de chegar à Controlar e de como surgiu a oportunidade de trabalhar na empresa?
Entrei na Controlar após a conclusão da licenciatura como primeiro emprego. Encontrei a empresa através de algumas pesquisas e mandei o curriculum vitae sem grandes esperanças. Fui chamado para entrevista poucos dias depois e fiquei. Lembro-me do quanto a empresa era pequena (éramos nove, contando comigo, hoje somos 115 na Controlar e mais de 250 no grupo que integramos), e que tínhamos de saber fazer um pouco de tudo. Foram tempos onde aprendi imenso e onde o trabalho em equipa era fundamental.
Como responsável pelo Departamento de Automação quais são as suas principais responsabilidades e desafios?
Com o passar dos anos, a equipa de automação tem crescido e atualmente somos 12 pessoas. As funções enquanto responsável passam por fazer um acompanhamento geral de todos os trabalhos em curso com os coordenadores e gestores de projeto. Além das atividades de coordenação, tenho ainda a componente comercial onde elaboro orçamentos para muitos dos trabalhos realizados dentro do departamento. É um trabalho que adoro fazer porque contacto com os clientes e porque participo na idealização do conceito geral das máquinas desde o início, sendo muito gratificante posteriormente vê-las nascer.
Relativamente aos diversos projetos que já acompanhou, há algum que se destaque? Porquê?
Gostei de todos em geral, mas lembro-me de um cliente me ter dado um desafio complicado onde outros fornecedores tinham desistido. Tratava-se de uma máquina com um problema de software de um fabricante estrangeiro que tinha fechado. O cliente era novo e por isso, se conseguisse resolver o problema, teria as portas abertas para futuros trabalhos. Ao fim de alguns dias debruçado sobre a situação, descobri que o problema que tudo indicava estar no software, estava na avaria de um simples componente elétrico da máquina. Qual não foi o espanto e a satisfação do cliente ao ver o problema resolvido. Tanto que, depois disso, me pediu outros trabalhos na mesma máquina porque não a confiava a mais ninguém.
Fale-nos um pouco do seu dia a dia de trabalho na Controlar. Trata-se de um trabalho mais marcado pela rotina ou são dias sempre diferentes?
Os dias são sempre diferentes e, apesar de estar muito tempo na empresa no acompanhamento de planeamento de projetos e reuniões, passo também bastante tempo fora em clientes a fazer atividades comerciais e a seguir os trabalhos em instalação. Esta proximidade com os clientes é muito importante para o nosso sucesso como integradores de soluções.
Enquanto estou na empresa, tento dar um apoio próximo aos meus colegas de departamento para passar boas práticas de trabalho e evitar que cometam erros conhecidos. É sempre desafiante porque às vezes necessitava de me multiplicar e tenho de ser objetivo para me focar no mais importante, o que não é simples.
Ao longo destes últimos anos tem acompanhado de perto a evolução da Controlar. Na sua perspetiva, quais são os aspetos que mais têm contribuído para o crescimento sustentado da empresa?
O crescimento foi muito significativo nos últimos anos e a entrada de muitas pessoas tem sido um desafio constante, não só pela necessidade de dar formação com um ritmo acelerado, mas também porque trazem novas ideias e experiências, o que nos faz melhorar continuamente.
A confiança que ganhamos junto dos nossos clientes começou a dar frutos há alguns anos, não só no aumento dos trabalhos em Portugal, mas com a abertura de portas em fábricas de outros países, o que nos fez expandir para a Malásia, México e Espanha. Outro fator que tem contribuído para o nosso crescimento é a diversidade dos trabalhos que realizamos, não só na indústria automóvel mas também na área têxtil, petrolífera, termotecnologia, entre outras.
Quais são as principais aptidões e características necessárias para ser bem sucedido na área da automação industrial? Já as possuía ou desenvolveu-as durante o seu percurso profissional?
Nesta área de trabalho são muito importante não apenas as aptidões técnicas, mas também as pessoais ou soft skills. Claro que no início, o meu foco foi a componente técnica e para isso tive a “sorte” de já vir com alguma experiência na área de montagens elétricas antes de entrar para a Controlar, o que ajudou muito no diagnóstico de problemas.
Com o passar do tempo fui-me apercebendo que tinha uma característica que me resolvia muitos problemas e em que nunca me tinha reparado: sou bastante metódico e organizado. Acho que estes fatores acabaram por se tornar ainda mais importantes com o aumento de atividades e responsabilidades que fui adquirindo com o passar dos anos.
Na sua opinião, quais serão os grandes desafios que a automação industrial enfrentará nos próximos anos?
Temos de estar sempre atentos às novidades para conseguir chegar lá antes dos nossos concorrentes. Nos próximos anos, estou certo de que iremos ver um aumento de aplicações com robôs que trabalham com pessoas, os chamados robôs colaborativos, o que irá alterar a forma como atualmente pensamos as linhas de montagem e de testes. Esta tecnologia aliada à visão artificial será, sem dúvida, um avanço significativo para a indústria, deixando as tarefas repetitivas para os robôs e libertando as pessoas para funções onde sejam diferenciadoras.
Numa era em que se fala tanto de IA (Inteligência Artificial) e RPA (Robotic Process Automation) como encara as novas tendências e a evolução da tecnologia?
É inegável que nos últimos anos assistimos a um avanço muito grande nas tecnologias de informação, o que está a levar a indústria a um nível de pormenor incrível. A IA está a começar a aparecer em algumas aplicações industriais que preveem falhas nas máquinas com o passar do tempo. Estas funcionalidades são muito interessantes, pois estão ligadas diretamente ao tema da indústria 4.0, onde toda a informação é passada em tempo real.
Neste caso concreto, as máquinas apercebem-se de que algo não está a funcionar como habitualmente, acionam um alarme para a equipa de manutenção verificar a anomalia ainda antes da máquina parar e evitar um problema maior.
A área da robótica colaborativa tem sido igualmente interessante de acompanhar, pois se há cinco anos muitos fabricantes de robôs duvidavam desta tecnologia, hoje todos têm soluções para não perderem a corrida. Isto fez com que disparasse o aparecimento de novas marcas de robôs no mercado e a criatividade em novas aplicações com pessoas. Será empolgante imaginar como estaremos daqui a 10 anos!