Está na Controlar desde 2015. Como foi o seu percurso académico e profissional até chegar à empresa?
Apesar de estar na Controlar desde 2015, iniciei a minha colaboração como fornecedor externo em 2011. Estou envolvido desde então quase de forma contínua em diversos projetos da Controlar.
Desde sempre que tenho bastante interesse por coisas novas e diferentes e inicialmente o meu percurso académico foi nesse sentido, nomeadamente na área de física aplicada no ramo de optoeletrónica e materiais. Posteriormente, optei por tirar algumas pós-graduações, nomeadamente em automação e robótica, gestão de operações e, mais recentemente, segurança de máquinas.
Profissionalmente, desde muito novo que estou envolvido nas áreas da mecânica e da automação, sendo que iniciei a minha atividade profissional oficialmente em 1999 como técnico de automação noutra empresa, onde assumi várias funções ao longo do tempo até ingressar na Controlar em 2015.
Fale-nos um pouco do seu trabalho na Controlar. Quais são as suas funções e responsabilidades?
Atualmente o meu trabalho na Controlar passa por agregar um conjunto inicial de requisitos e ajudar a desenvolver um conceito, ou conceitos, que integrem de forma funcional todos os critérios requeridos. Tipicamente consiste em combinar especificações ou ideias dos clientes com os nossos próprios requisitos, quer sejam de automação, de sistemas de teste, elétricos, mecânicos, ergonómicos, de design e, claro, os aspetos funcionais da montagem, produção e manutenção.
Relativamente aos diversos projetos que já desenvolveu, há algum que se destaque? Porquê?
Sinceramente não tenho um projeto que consiga destacar. Já devo ter estado envolvido seguramente em algumas centenas de projetos e todos eles têm alguma coisa em que se destacam dos outros. Uns pela complexidade, outros pelo desafio e até, na maior parte das vezes, por pequenos pormenores que me deram gosto fazer.
Ao longo destes últimos anos tem acompanhado de perto a evolução da empresa. Quando começou quantos colaboradores trabalhavam no departamento de Mecânica e quantos são hoje?
Quando integrei o Departamento de Mecânica da Controlar, éramos três colaboradores. Neste momento, penso que serão 16, divididos por diferentes áreas funcionais, nomeadamente: o Projeto, a Produção e as Montagens.
Como encara o crescimento da equipa de Engenharia Mecânica nos últimos anos, com a contratação de mais colaboradores e a centralização das atividades, em alternativa ao outsourcing? Quais são as principais vantagens?
Acho que qualquer crescimento é muito positivo, principalmente quando é sustentável e se enquadra numa estratégia a médio e longo prazo.
Tanto o outsourcing como a centralização de atividades têm vantagens e desvantagens, mas o objetivo é comum: conseguirmos o que queremos, quando queremos e ao menor custo possível. É por isso penso que nos devemos focar essencialmente na abordagem com menor número de desvantagens. No outsourcing as desvantagens são, claramente, a dependência dos fornecedores e passagem de know-how para o exterior. Na centralização das atividades as desvantagens são obviamente o custo e a logística associada, nomeadamente com a aquisição de novos equipamentos, ferramentas, software e espaço físico.
Acho que qualquer atividade que não faça parte do core business das empresas deve passar por uma estratégia mista muito bem ponderada e sustentada numa estratégia a médio e longo prazo.
Com que software e plataformas costuma trabalhar? Há algum de que goste particularmente?
Trabalho essencialmente no Autodesk Inventor, embora ocasionalmente use também o Solidworks. Não tenho uma preferência particular por nenhum. Ambos me permitem fazer o que pretendo, embora ache que o Solidworks tem algumas ferramentas mais específicas.
Como vê a ligação entre a engenharia mecânica e o design de produto/industrial?
Existe cada vez mais e melhor concorrência e o design de produto e industrial assume progressivamente um papel importante, quer como fator diferenciador, quer como reconhecimento da marca. Tem de haver um esforço cada vez maior na engenharia mecânica, não só para integrar os aspetos funcionais e ergonómicos com o design, mas também para integrar e adaptar o design às limitações dos métodos de produção convencionais.
Quais são as principais aptidões e características necessárias para ser bem-sucedido na área da engenharia mecânica?
Acho que a resiliência, a criatividade e a atenção ao detalhe são aptidões muito importantes para se ser bem-sucedido na engenharia mecânica. A resiliência porque muitas vezes não podemos simplesmente dizer “Não dá”, temos de ser criativos, superar e adaptarmo-nos aos desafios. A atenção ao detalhe porque quase sempre temos centenas de peças que têm de trabalhar em conjunto e ao mesmo tempo. A grande parte dos problemas mecânicos não tem origem nas coisas que saltam à vista. São os pequenos detalhes.
Na sua opinião, quais os maiores desafios dos engenheiros mecânicos nesta era digital? Que novas tecnologias serão utilizadas no futuro neste campo?
Cada vez temos mais ferramentas que nos permitem experimentar, simular, dimensionar e validar quase todos os aspetos da engenharia mecânica, muitos deles quase de forma automática. O próprio acesso a documentação técnica ficou muito simplificado. Nessa perspetiva, acho que a era digital veio pelo menos simplificar muitos dos desafios.
Penso que os grandes desafios nos próximos anos serão, por um lado, a adaptação da forma como comunicamos com os fornecedores em que cada vez mais se adotam formatos digitais e se deixa de usar o desenho técnico convencional. Por outro, será a adaptação a novas tecnologias de fabricação. Principalmente o uso da tecnologia da manufatura aditiva que está cada vez mais difundida na indústria. Penso que será preciso uma adaptação significativa na forma como se desenha e pensa atualmente para se poder maximizar o potencial desta tecnologia.