Idade: 52 anos
Formação: Doutorado em Engenharia Mecânica
Instituição de Ensino: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Função Atual: Global R&D+i Manager
Idade: 38 anos
Formação: Mestre em Engenharia Eletrotécnica e Computadores
Instituição de Ensino: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Função Atual: Diretor de Inovação
Podem partilhar um pouco das vossas trajetórias académicas e profissionais até assumirem os cargos que ocupam hoje na Controlar? Como começou a vossa colaboração com a empresa?
João Queirós (JQ): A minha trajetória começou com uma formação académica em Engenharia Eletrotécnica que me deu uma base sólida de conhecimentos técnicos e estratégicos. A partir daí, comecei a trabalhar na área de sistemas de teste, onde fui adquirindo experiência em desenvolvimento de máquinas para teste automático assim como a lidar com o cliente.
Ao longo do tempo, fui evoluindo para cargos com maior responsabilidade e liderança, sempre com um foco na otimização de processos e na inovação. A minha colaboração com a Controlar começou no departamento de sistemas de teste, e desde então, tenho tido a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de soluções inovadoras na área de testes e automação industrial.
Carlos Alcobia (CA): A minha formação académica decorreu na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde concluí a licenciatura em Engenharia Mecânica. Posteriormente, na mesma instituição, finalizei o Mestrado e Doutoramento também em Engenharia Mecânica.
Em termos profissionais, sempre tive uma ligação ao setor automóvel, tendo ocupado funções de Técnico de Ensaios e, posteriormente, de Responsável Técnico de Ensaios de homologação em veículos, num laboratório acreditado pela norma ISO 17025.
Estive ainda envolvido em diversas atividades do setor automóvel, tais como: projeto e construção de veículos, inspeção técnica de veículos, peritagens no setor automóvel, Motorsport, entre outras.
Paralelamente, fui convidado a lecionar no ensino superior politécnico e mantenho até hoje a minha ligação enquanto Professor Coordenador no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
Ao longo da minha carreira, sempre tive um espírito empreendedor, que se destaca pela fundação de três empresas em diferentes setores, desde o setor primário aos serviços e produtos. A minha colaboração com a Controlar remonta ao ano de 2011, com a fundação da Sensing Future Technologies Lda. Posteriormente, iniciei uma colaboração com a Controlar na área de IDI que levou a que no ano de 2013 criássemos o departamento de I&D na Controlar Portugal com recursos humanos afetos a 100% a esta área.
Quais as tendências mais impactantes na indústria dos componentes eletrónicos e que desafios antecipam no campo de testes desses mesmos componentes?
JQ: Na indústria de componentes eletrónicos, a miniaturização e a crescente complexidade dos dispositivos são tendências dominantes, especialmente em setores como IoT, smartphones e veículos elétricos. Esses avanços tornam os testes mais desafiantes, exigindo maior precisão e eficiência. A eletrificação automotiva também impõe testes rigorosos de fiabilidade e segurança.
Além disso, a integração da IA nos testes está a transformar o processo, permitindo análises mais rápidas, mas exigindo novas competências. Os principais desafios futuros incluem a adaptação às novas tecnologias de semicondutores, a redução dos tempos de ciclo sem sacrificar a qualidade e a crescente importância da cibersegurança nos sistemas de teste.
Relativamente às mudanças mais significativas que observam na indústria nos últimos anos, que impacto estão a gerar no vosso trabalho?
JQ: As mudanças mais marcantes são a digitalização e automação da indústria, impulsionadas por tecnologias como IoT e IA, que exigem sistemas de teste mais inteligentes e rápidos. O avanço da eletrificação automotiva também trouxe padrões de teste mais rigorosos, aumentando a complexidade dos projetos. Além disso, a globalização e os desafios na cadeia de fornecimento obrigaram-nos a ser mais ágeis e flexíveis nas soluções para atender diferentes mercados.
Que tecnologias emergentes (como IA, IoT, etc.) estão a moldar o futuro dos sistemas de testes e de automação e como a planeiam a sua implementação?
JQ: Estas tecnologias emergentes estão a revolucionar os sistemas de testes e automação. A IA permite análise preditiva, otimização dos processos e testes automatizados mais inteligentes, reduzindo tempos de ciclo e erros. A IoT, por sua vez, facilita a monitorização remota e em tempo real dos dispositivos, melhorando a recolha de dados e a eficiência dos testes.
Planeamos implementar essas tecnologias de forma integrada, com plataformas de testes mais conectadas, capazes de analisar grandes volumes de dados e fornecer diagnósticos automáticos, além de otimizar a manutenção preditiva, garantindo maior fiabilidade e rapidez nos processos.
Qual a abordagem da Controlar em relação à inovação em sistemas de teste e automação a nível global?
CA: A nossa abordagem tem sido distinta a nível global, pois contamos com recursos humanos e uma organização interna que varia nos diferentes locais onde temos produção, assim como capacidades instaladas bastante distintas. A abordagem global está focada no desenvolvimento de soluções tecnologicamente avançadas que aumentem a qualidade e a fiabilidade dos nossos produtos e tem como pilares-base a inovação contínua e a sustentabilidade de modo que os nossos clientes e parceiros nos vejam como um parceiro de inovação de excelência.
De que forma a Controlar colabora com universidades e centros de pesquisa para fomentar a inovação?
CA: Desde o início do departamento de I&D na Controlar Portugal demos início ao desenvolvimento e expansão do nosso ecossistema de inovação, que inclui diversas instituições de ensino superior e centros de investigação. Temos protocolos com várias entidades, tanto ao nível universitário como politécnico, para apoiar trabalhos de fim de curso, dissertações de mestrado e programas de doutoramento.
Ao longo destes anos, estabelecemos ainda uma forte ligação com vários centros de investigação, que têm sido parceiros em diversos projetos de investigação nos quais temos participado.
Podem identificar as parcerias estratégicas mais benéficas para o desenvolvimento de novas soluções?
CA: As parcerias estratégicas mais interessantes têm sido as que fortalecem a nossa capacidade de inovação e permitem o acesso a tecnologias de ponta, além de expandir a nossa presença global. Englobam o relacionamento com os múltiplos parceiros, colaborações com entidades de investigação e desenvolvimento e, em particular, a proximidade com clientes-chave e líderes de indústria.
Como é que a equipa de IDI+inovação determina quais as inovações a priorizar?
JQ: Trabalhamos com base em três fatores principais: impacto no mercado, viabilidade técnica e alinhamento com as necessidades dos clientes. Avaliamos constantemente as tendências tecnológicas e realizamos uma análise estratégica para identificar projetos que ofereçam maior valor comercial e vantagem competitiva. Além disso, trabalhamos em estreita colaboração com os clientes para garantir que as inovações atendam às suas exigências e resolvam desafios reais. A viabilidade técnica também é crucial, garantindo que as soluções possam ser desenvolvidas e implementadas de forma eficiente.
Como fomentam a cultura de inovação e de que forma incentivam a criatividade e a tomada de riscos nas vossas equipas?
JQ: Fomentamos uma cultura de inovação incentivando a colaboração aberta e o pensamento criativo na equipa. Promovemos a troca constante de ideias e a exploração de novas abordagens, sem receio de falhar. Criamos um ambiente onde os membros da equipa se sentem à vontade para experimentar, testar soluções e aprender com os erros. Além disso, oferecemos formação contínua e mantemos um diálogo próximo com os clientes para garantir que as nossas inovações estão alinhadas com as necessidades do mercado. A tomada de riscos é encorajada, desde que sustentada por análise estratégica e uma visão clara de valor.
De que forma a inovação é utilizada para promover a sustentabilidade e as práticas de ESG (Environment, Social & Governance) nas empresas da Controlar?
CA: O nosso sistema de gestão de I&D está alinhado com normas nacionais e internacionais de inovação, investigação e desenvolvimento, o que constitui uma ferramenta fundamental para uso da inovação como recurso essencial na promoção da sustentabilidade e no fortalecimento das práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance). Desta forma, alinhamos as operações e soluções com objetivos ambientais e sociais, cada vez mais prioritários para os clientes e para o mercado global. Destacam-se inúmeras iniciativas ao nível da eficiência energética, da redução de desperdícios e reutilização de materiais, da incorporação de materiais sustentáveis e design ecológico e da promoção de uma cultura de ESG interna e externa. Neste último ponto, são de destacar diversas medidas ao nível da responsabilidade social, políticas de inclusão e bem-estar dos colaboradores.
A Controlar foi finalista dos Prémios PME Inovação COTEC-BPI, pela 6.ª vez consecutiva, pelo seu compromisso com a inovação, robustez financeira e desempenho económico. Como encaram estas nomeações?
CA: Trata-se de um importante reconhecimento do compromisso da Controlar com a inovação e com o nosso desempenho financeiro e económico, mas, sobretudo, uma homenagem a todas as pessoas que, todos os dias, contribuem para o crescimento e o sucesso da empresa. Ser finalista por seis anos consecutivos representa não apenas uma validação do trabalho árduo e das estratégias inovadoras implementadas, mas também uma motivação adicional para continuar a crescer de forma estruturada e sustentável, mantendo o foco na inovação e na criação de valor a longo prazo.
Em resumo, as nomeações nos Prémios PME Inovação COTEC-BPI são recebidas como uma honra e um reconhecimento de que a Controlar está no caminho certo.