Como chegou à Controlar?
A oportunidade surgiu de forma imprevista depois de um percurso de 17 anos na indústria tecnológica e automóvel. A Controlar impressionou-me por se tratar de uma empresa de referência ao nível global, na área de eletrónica e automação industrial.
Trabalha com bastante proximidade da administração e está envolvida em grande parte das decisões estratégicas da empresa e do Grupo Controlar, como gestora global. Como encara essa responsabilidade e quais os principais desafios?
Encaro com grande motivação pois um dia nunca é igual ao outro. O Grupo Controlar é constituído por cinco empresas, presentes em três continentes. Os desafios surgem das mais variadas formas, desde a fiscalidade, às questões comerciais e políticas, às diferenças nos normativos contabilísticos, ao desenvolvimento das potencialidades do negócio, à negociação com a banca internacional…
Fale-nos sobre as suas principais conquistas como responsável de departamento financeiro da Controlar até agora.
Ainda há muito para fazer. Talvez o maior desafio tenha sido a implementação de uma plataforma de controlo de gestão em Business Intelligence (BI), com visualização em Power BI, para fazer o acompanhamento e follow-up em tempo real das empresas do grupo.
O Grupo Controlar está a crescer em grande escala e há necessidade de uniformizar métodos de trabalho, procedimentos e reportings; consolidar, auditar contas e otimizar fluxos e recursos. O meu trabalho tem sido neste sentido em colaboração com as várias empresas. Apresentámos contas consolidadas pela primeira vez, criámos a empresa na Malásia, tratámos do processo de uma fusão. Reforçámos a relação com a banca e o devido enquadramento/montagem de operações.
Acabou recentemente um curso executivo de Controlo de Gestão e foi responsável pela implementação de um sistema em Business Intelligence na Controlar. Para quem desconhece este conceito, que vantagens vê e que importância atribui ao BI?
Pensemos assim: qual é o CEO ou diretor que não gostaria de ter acesso em real time, em qualquer dispositivo e em qualquer lado, ao painel do controlo de gestão, bem como a toda a informação financeira e não financeira da sua organização?
O papel que o BI assume nos tempos que correm, num mercado global cada vez mais volátil e competitivo, é indiscutível. Trata-se de uma metodologia/ferramenta que transforma dados brutos em informações úteis e visuais para que a tomada de decisão seja mais precisa e oportuna, através de dashboards user friendly.
Mais concretamente na área financeira, e associado a um sistema de controlo de gestão, o BI permite desenvolver e adotar métricas operacionais avançadas, fazer análises preditivas e monitorizar KPI principais, integrando dados financeiros com outras funções do negócio.
O facto de recolher informação automática de outras plataformas informáticas e transformá-la no que a empresa pretende ver e analisar em real time, faz com que a análise se concentre no que é realmente importante: melhorar o desempenho operacional e garantir uma gestão eficaz das operações, ganhando eficiência, de forma a ser possível reagir rapidamente. O BI não é um começo e um fim, é um processo contínuo que poderá ajudar a alavancar o negócio.
No atual contexto económico, quais as principais prioridades e necessidades da empresa? E dificuldades?
O país e o mundo encontram-se efetivamente numa situação inédita que irá ficar para a história pelas piores razões. Por outro lado, é nestas alturas que surgem grandes oportunidades.
As prioridades para a Controlar continuam a ser as mesmas: fechar o plano estratégico 2021-2025, acompanhar os clientes nas suas necessidades e desafios, fortalecer as relações de parceria com os fornecedores e outros stakeholders, consolidar e expandir os negócios do grupo, estar atenta ao mercado e macro trends e continuar a investir em inovação, diversificação e capital humano.
O que significa “liderança” para si?
Abraham Lincoln disse que “a maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”. Considero que o desenvolvimento de competências comportamentais face às técnicas é cada vez mais importante e poderá ser efetivamente diferenciador. A capacidade de comunicar, de criar empatia, o pensamento crítico, a proatividade, o saber ouvir, o fazer despertar a vontade de fazer nos outros, o acreditar que o todo é maior que a soma das partes são características fundamentais de uma boa liderança.
Já visitou todas as empresas do grupo, desde a Malásia ao México. Com que impressão ficou?
Foi extremamente gratificante conhecer as outras empresas do grupo, as pessoas, as culturas, o modus operandi e até a gastronomia. As culturas são tão diferentes que até cheguei a experimentar gafanhotos (“chapulines”) na Cidade do México… Na Malásia foi interessante ver o estilo de vida, perceber a diversidade de etnias e nacionalidades, os seus costumes e crenças. Também experimentei o fruto proibido – o durian – que não era assim tão mau, apesar de ser considerado o fruto mais fedorento do mundo.
Apesar de hoje em dia o que nos separa ser apenas um ecrã, conhecer as pessoas com quem falamos regularmente, ajuda imenso na relação interpessoal e no trabalho em si. Com a visita às várias empresas, apercebemo-nos mais concretamente das potencialidades de crescimento do negócio, das limitações e obstáculos a ultrapassar, das sinergias que podemos aproveitar e dos processos que podemos melhorar. É importante sentir que todos fazemos parte do mesmo grupo e que o objetivo é o mesmo.
Na sua opinião, qual a receita de uma empresa de sucesso?
Teorias não faltam. O difícil é colocá-las em prática. Recordo-me de uma citação de Henry Ford: “Quando tudo parecer estar contra si, lembre-se que o avião descola contra o vento, e não com a ajuda dele.” Considero que são elementos fundamentais de uma empresa de sucesso: a visão concreta a longo prazo, criar/apostar numa equipa de sucesso, investir na inovação, na criatividade, na reciclagem de conhecimentos, ter um sistema de controlo de gestão eficiente, sistemático e holístico, perceber os clientes, as suas necessidades e acompanhar com a oferta, reforçar parcerias com fornecedores, reinvestir resultados, investir na construção de uma marca, ser flexível, enfim, ser líder.
Acima de tudo criar uma cultura organizacional forte e positiva, envolvendo todos os colaboradores, de forma a que toda a organização reme no mesmo sentido.
O que podemos esperar da Controlar no futuro?
Coloquemos a pergunta de outra forma, o que não podemos esperar? O ano passado celebramos 25 anos de existência, fruto de muita resiliência, dedicação e empreendedorismo. A Controlar irá continuar a sua aposta na inovação, proximidade com os clientes, no crescimento sustentado, na oferta global, na qualidade dos serviços e do suporte técnico, e principalmente na expansão e consolidação da sua capacidade interna e global, de forma a endereçar projetos cada vez maiores a uma escala internacional.