eFuel
A alternativa sustentável?
Introdução
Diversos fabricantes automóveis e consórcios industriais têm vindo a apostar nos combustíveis sintéticos — os chamados eFuels — como alternativa complementar aos combustíveis fósseis, particularmente em contextos onde a eletrificação total não é viável. Estes combustíveis combinam hidrogénio verde com dióxido de carbono capturado da atmosfera, oferecendo uma opção com menor pegada carbónica face aos combustíveis tradicionais (Porsche, 2024).
Um exemplo desta aposta é o projeto-piloto em Punta Arenas, no Chile, envolvendo a Porsche, Siemens Energy, HIF Global e ExxonMobil. Este projeto visa iniciar a produção em pequena escala, com o objetivo de evoluir para volumes industriais. Esta alternativa aos combustíveis tradicionais permite utilizar infraestruturas e motores existentes, facilitando a adoção em mercados onde a mobilidade elétrica ainda enfrenta barreiras significativas (Porsche, 2023).
De acordo com representantes da indústria automóvel, os eFuels são vistos como um complemento estratégico à mobilidade elétrica, com potencial para preservar veículos existentes e históricos com uma menor pegada ambiental.
O que são os eFuel e como funcionam?
Os eFuels são combustíveis líquidos produzidos de forma sintética, a partir de energia renovável, CO₂ capturado e água, através de processos como a eletrólise e a síntese de Fischer-Tropsch. São compatíveis com motores de combustão interna e podem ser distribuídos pelas infraestruturas existentes, como postos de abastecimento tradicionais.
Tecnologia por trás dos eFuels
Como é produzido o eFuel?
Os eFuels são produzidos através de processos químicos que transformam matérias-primas renováveis, como o dióxido de carbono (CO₂) e o hidrogénio (H₂), em combustíveis líquidos que podem substituir os combustíveis fósseis tradicionais.
Qual a eficiência energética dos eFuels?
A produção de eFuels envolve várias etapas, cada uma com perdas energéticas que afetam a eficiência global do processo.
- A eletrólise da água para produzir hidrogénio tem uma eficiência que ronda os 60-80%, dependendo da tecnologia usada.
- A captura de CO₂ consome energia, especialmente se for feita diretamente do ar, devido à baixa concentração de CO₂ na atmosfera.
- A síntese dos hidrocarbonetos também tem perdas energéticas, com eficiência variável conforme o processo químico e catalisadores utilizados.
No conjunto, a eficiência energética dos eFuels pode ser menor comparada a outros métodos diretos de utilização de energia renovável, como a eletrificação direta de veículos elétricos.
Os eFuels podem ser usados nos Motores convencionais?
Uma das grandes vantagens dos eFuels é a sua compatibilidade com os motores de combustão interna atuais, sem necessidade de grandes alterações nos veículos ou na infraestrutura de abastecimento.
- Uso direto: Os eFuels podem ser utilizados como substitutos diretos da gasolina ou gasóleo em motores convencionais, possibilitando a redução das emissões líquidas de carbono se a produção for feita a partir de fontes renováveis.
- Desempenho semelhante: Têm propriedades de combustão muito semelhantes aos combustíveis fósseis, permitindo que os motores mantenham a sua potência, eficiência e durabilidade habituais.
- Transição energética: Facilitam a transição para uma mobilidade mais sustentável, pois permitem que veículos existentes continuem a ser usados enquanto se desenvolvem outras soluções, como os veículos elétricos.
Inovação tecnológica no setor dos eFuels
Um estudo publicado na revista científica Energies analisou 848 famílias de patentes registadas entre 2010 e 2021, traçando o panorama global da inovação no setor (Song, 2023). A investigação destaca que a maioria da atividade de I&D é liderada por entidades privadas, com foco nas seguintes áreas tecnológicas:
- Produção de hidrocarbonetos líquidos (C10G 02)
- Produção de gases como monóxido de carbono e hidrogénio (C10J 03)
- Separação e purificação de hidrogénio (C01B 03)
A Ásia (China, Japão, Coreia do Sul) lidera os registos de patentes, seguida pelos EUA e Alemanha. A Coreia do Sul destaca-se pelo envolvimento significativo do setor público nesta investigação (Song, 2023).
Desafios e oportunidades dos eFuels
Apesar do elevado custo de produção atual, os eFuels apresentam vantagens significativas para setores difíceis de eletrificar, como a aviação, o transporte marítimo e a manutenção de veículos clássicos. A possibilidade de utilizar CO₂ capturado torna-os também potencialmente neutros em carbono, o que poderá ser decisivo no contexto das metas climáticas globais.
O que significa para a Controlar
Embora os eFuels não façam parte do atual portefólio de soluções da Controlar, os desenvolvimentos tecnológicos nesta área representam tendências com potencial impacto nos setores da mobilidade, energia e indústria. A sua evolução poderá abrir caminhos para novos tipos de testes, sensores e sistemas de controlo, reforçando a importância de acompanhar estas transformações para contextualizar mudanças que podem influenciar, direta ou indiretamente, os ecossistemas onde a empresa opera.